27 de set. de 2013

Mães nunca estão sozinhas quando estão sozinhas

Se tornar mãe muda tudo. Tem tanta coisa que não te contam quando você preenche os papéis de alta da maternidade. É claro que te preparam para coisas como amamentar, trocar fralda, e higiene em geral. Mas não te dizem quão exausta você se sentirá nos primeiros dias, ou quão incerta você ficará sobre suas habilidades de mãe, ou quão solitária você se sentirá quando todos os seus dias de repente parecerem iguais. 
A maternidade é a experiência mais maravilhosa. Mas também é algo que isola. Você pode passar rapidamente de uma vida social viva para alguém que fica em casa até três dias sem trocar de roupa. 
Todas entendem que a maternidade muda a gente. Mas nem todas estão preparadas para como será essa mudança. 

Propósito da solidão 
É difícil ver um plano para as nossas circunstâncias quando elas estão embaçadas pelas birras, vômitos e outras realidades relacionadas à maternidade. Mas isso não nega que uma mão soberana guie tudo isso. Nos dias cansativos de ser mãe, pode geralmente parecer que a solidão que sentimos seja apenas a cobertura de um bolo amargo. 

Elisabeth Elliot diz sobre nossa solidão:
"Solidão é um tipo de morte que a maioria aprende mais cedo ou mais tarde.  Longe de ser algo mal pra nós, um impedimento para o crescimento espiritual, pode ser o significado de um desabrochar espiritual até aqui encoberto. O completo desabrochar da rosa, seu sucesso, depende continuamente de morrer e viver de novo. Na economia de Deus, não importa se Ele esteja fazendo uma rosa ou a alma humana, nada vem do nada. As perdas são o caminho para os ganhos".

Assim como muitas outras coisas difíceis que enfrentamos na vida cristã, a solidão é parte do plano amoroso de Deus de trabalhar em todas as coisas para o nosso bem (Rom 8:28). Então os dias em que a única pessoa com quem você conversa é seu bebê que fala só frases de duas palavras ou balbucia algo que você não compreende, não são uma perda pra Deus ou pra você. Está sendo preparado pra você um peso de gloria além de qualquer comparação(2 Co4:17). 

Essa morte diária para nós mesmas não é exclusiva da maternidade. Como cristãs somos chamadas a morrer para nossa própria gloria e desejos todos os dias. A solidão do filho de Deus e morte dolorosa assegura nossa vida. Então cada pequena morte para nossos próprios desejos na jornada da maternidade, permite-nos compartilhar do sofrimento de Cristo(1 Pe 4:13). Nossa morte para a interação social e outras coisas no nosso dia significa vida para nossos filhos. E nunca é em vão. 

Esperança para a solitária 
No papel parece nobre dizer que nós estamos morrendo diariamente pelos nossos filhos. Mas não parece tão maravilhoso quando eles choram e nos chamam antes do sol nascer. Ou quando nós temos que perder outro domingo na Igreja porque nosso filho está doente ou precisa de nós no berçário. Nesses momentos nós geralmente não nos importamos se a nossa solidão significa vida pro nosso filho. Nós só queremos conversar com nossas amigas pra variar. Graças a Deus podemos confiar em algo maior que nossos fracos esforços para suportar tal solidão. 
Cristo esteve só para que nós não precisássemos estar sós. E Ele assegurou que mesmo quando respondermos à nossa solidão de maneira pecaminosa, Ele nos concederá graça para nos arrependermos e respondermos de maneira melhor da próxima vez. Até mesmo nos dias mais solitários, quando tudo que você faz é alimentar, limpar e segurar um bebê que nem sabe ao certo que você está lá, você não está sozinha. A solidão que você sente pode ser engolida pela maravilhosa realidade que Cristo nunca sai do seu lado. Ele é nosso conforto quando estamos chorando quase tanto quanto nosso bebê com cólica. Ele é nossa força quando sentimos que não conseguiremos levantar da cama pra amamentar no meio da noite. Ele nos levanta quando caímos exaustas no sofá após outro longo dia de cuidados com nossos pequenos. Ele é a nossa justiça quando falhamos com nossos filhos num momento de frustração por privação de sono. 
Tenho aprendido em apenas poucos meses de maternidade que eu não posso levar ninguém a pensar enganosamente que tenho tudo  isso junto. Também tenho aprendido que mesmo na minha fraqueza, eu sou sustentada pelas mãos amorosas do meu Pai Celestial. Ele estabeleceu esses longos dias para o meu bem e finalmente meu gozo. 

Sim a maternidade é trabalho duro. É trabalho solitário. É um trabalho que nem sempre rende resultados para todo o investimento. Mas é um trabalho como o de Cristo. Todos os dias que morremos para nós mesmas seja pela falta de sono, tempo ou interação social, nós estamos tomando a forma de servas no espírito de Cristo (Fil 2:7). E isso é lindo para Deus. 

Filhos são um precioso presente. Não há nada mais maravilhoso que contemplar a vida de Deus criada dentro de você (ou dentro de outra pessoa). Os longos dias que passamos cuidando de nossos filhos têm significado eterno e um dia, esse é o desejo de Deus, colheremos as muitas recompensas. Até lá, vamos batalhar. Esperar. E clamar ao único que verdadeiramente entende o que significa dar a vida aos Seus. 

Por Courtney Reissig
Tradução de Késia Bisson


Courtney é casada com Daniel e moram em Little Rock, Arkansas - USA, onde Daniel ajuda a implantar uma Igreja Batista.
Seu Blog é http://cdtarter.blogspot.com.br/

Fonte: The Gospel Coalition http://thegospelcoalition.org/blogs/tgc/2013/09/26/mothers-are-never-alone-when-alone/

Tradução: Késia F. Bisson